segunda-feira, 16 de novembro de 2009

BRUCE LEE TESTE DE CINEMA 1965



Agora, Bruce, apenas olhe diretamente para a lente da câmera aqui e diga o seu nome, sua idade e onde você nasceu.
BRUCE LEE: Meu nome é Lee, Bruce Lee. Eu nasci em São Francisco. 1940. Tenho 24 anos agora.
E você trabalhou em filmes em Hong Kong?
BRUCE LEE: Sim, desde mais ou menos seis anos de idade.
E quando você saiu de Hong Kong?
BRUCE LEE: 1959. Quando tinha dezoito anos.
Certo. Agora olhe acima de mim, Bruce, enquanto falamos. Fiquei sabendo que você teve um filho?
BRUCE LEE: (sorriso) Sim.
E você deixou de dormir por causa disso?
BRUCE LEE: (risos) Ah, três noites.
Conte à equipe a que horas eles filmam em Hong Kong.
BRUCE LEE: Bem, é normalmente de manhã porque é meio barulhento em Hong Kong, sabe? Mais ou menos três milhões de pessoas lá, e toda vez que eles têm um filme é mais ou menos da meia-noite às cinco da manhã.
Sei. (sarcasticamente) Você gosta do que faz?
BRUCE LEE: (sorriso)
E você fez faculdade nos Estados Unidos?
BRUCE LEE: Sim.
E o que você estudou?
BRUCE LEE: Ah, filosofia.
Sei, você me contou há pouco que o Karate e o Jiu-jitsu não são as mais poderosas ou as melhores formas de lutas orientais. Qual é a forma mais poderosa, ou a melhor forma?
BRUCE LEE: (sorriso) Bem, é ruim falar “a melhor”, mas na minha opinião o Kung Fu é uma forma muito boa.
Conte-nos um pouco a respeito do Kung Fu.
BRUCE LEE: Bem, o Kung Fu é originário da China. É o ancestral do Karate e do Jiu-jitsu. É um sistema mais completo e mais fluído. Com isso quero dizer que há mais continuidade no movimento, ao invés de se fazer um movimento ou dois e depois parar.
Você poderia olhar diretamente para a câmera e explicar o princípio do copo d’água e como se aplica ao Kung Fu?
BRUCE LEE: Bem, Kung Fu. O melhor exemplo é um copo d’água. Por quê? Porque a água é a substância mais flexível do mundo, mas pode penetrar na rocha mais dura ou qualquer coisa; granito, você decide. A água é insubstancial. Com isso quero dizer que você não pode segurá-la, você não pode bater ou machucá-la. Então todo lutador de Kung Fu está tentando fazer isso, ser suave como a água e flexível, e se adaptar ao oponente.
Sei. Qual a diferença entre um soco do Kung Fu e o soco do Karate?
BRUCE LEE: Bem, um soco do Karate é como uma barra de ferro – whack! Um soco do Kung Fu é como uma corrente de ferro com uma bola de ferro na ponta, e faz Wang! E machuca por dentro. (risos)
Ok. Em um minuto vamos cortar e você se levantará e nos mostrará alguns movimentos de Kung Fu.
BRUCE LEE: Ok.
PARTE 2:
Agora olhe diretamente para a câmera, Bruce. Agora a câmera vai se afastar, e Bruce, primeiro mostre-me os movimentos do Teatro Chinês Clássico.
BRUCE LEE: (curioso) “Teatro Chinês Clássico?”
É, você sabe, conversamos sobre isso no escritório; como eles andam e como iniciam um movimento.
BRUCE LEE: Bem, na Ópera Chinesa eles têm o Guerreiro e também o Mandarim. A forma como o Guerreiro anda seria algo assim. Andando assim, reto, sai, dobra [a perna], reto e sai novamente. Um Mandarim comum seria como uma mulher, fraco – 90 libras no Charles Atlas (risos). Você estaria somente andando, sabe, como uma moça – de verdade… ombros para trás e tudo.
Então pelo jeito que andam você pode imediatamente dizer quem são?
BRUCE LEE: Certo, que personagem representam.
Agora nos mostre alguns movimentos de Kung Fu.
BRUCE LEE: Bem, é difícil mostrar sozinho, mas vou tentar.
Tudo bem, talvez um dos rapazes venha aqui. Vamos lá Frank. (som do câmera-men bajulando um dos membros sênior com “Vamos lá Frank”, “Vai lá Lee, dá nele!”)
BRUCE LEE: (brincando com a equipe) Acidentes acontecem!, você sabe, tem vários tipos de golpes. Depende de onde você quer acertar e que arma estará usando. Para os olhos use os dedos. (ele dá um ataque ao olho e o homem, assustado, recua um pouco) Não se preocupe, eu não vou te acertar. (ele dá um segundo ataque) Ou, direto no rosto, (ele dá um soco direto) usando a cintura. (ele dá um segundo soco) Assim por diante. (e dá um terceiro soco)
Espera só um minuto. Vamos virar o cavalheiro para este lado para que fique mais na direção da câmera. (o entrevistador aparece na cena e guia o homem de um ângulo de 90 graus à esquerda para um ângulo de 45 graus) Ok. Ótimo.
BRUCE LEE: E tem o cruzado. (Lee demonstra o cruzado em câmera lenta seguido de um estrangulamento e outros dois socos rápidos)
E vamos fazer o assistente do diretor recuar só um pouco… (todo mundo ri). Ok, vá em frente. Continue.
BRUCE LEE: Então, claro, o Kung Fu é bastante sorrateiro. (sarcasticamente) Você conhece os chineses. Eles sempre batem baixo (ele mais uma vez dá um soco lentamente na cabeça do homem). De cima (ele move rapidamente o soco da área da cabeça do homem para um soco na virilha) – volta à virilha. (o homem reaje e Bruce diz “Não se preocupe”)
Agora vire para o outro lado, por favor Bruce.
BRUCE LEE: Ok. Você quer que ele vire também?
Sim.
Homem no fundo: (tentando explicar suas reações às técnicas do Lee) Essas são somente reações naturais.

BRUCE LEE: Certo. Certo (sorriso).
Olhe para a câmera um pouco e mostre novamente.
BRUCE LEE: Tudo bem. Tem o ataque ao olho. (dá um ataque rápido com os dedos) Tem o soco (dá um soco rápido), tem o direto (dá um direto na cabeça), e tem o baixo. (dá um soco rápido na virilha) É claro que então eles usam as pernas – direto na virilha (dá um chute frontal direto na área da virilha do homem) e vão para cima. (dá um chute circular na altura dos ombros do homem) Ou, se eu puder recuar um pouco, eles começam daqui (dá um chute circular na área do rosto do homem) então voltam. (Lee sorri e dá um tapinha no ombro do homem) Ele está um pouco preocupado.
Ele não tem com o que se preocupar. Agora de novo, mostra como um bom lutador de Kung Fu lidaria bem calmamente então iria embora ao invés de se envolver numa série de ações que… (uma buzina soa, o homem no fundo vira e grita “Som!”) Ok. (fim da cena)

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